Triângulo do Medo apavora com lendas sobre o Triângulo das Bermudas

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Triângulo do Medo apavora com lendas sobre o Triângulo das Bermudas


Sinopse


Quando Jess (Melissa George) parte para o alto mar com um grupo de amigos a bordo de um veleiro, ela tem o pressentimento de que algo está errado. Seus temores se confirmam quando uma tempestade atinge a embarcação deixando-os à deriva. Em seguida, um misterioso navio aparentemente abandonado surge e embarcar parece ser uma boa ideia. Logo, todos perceberão que não estão sozinhos e que alguma coisa está caçando os novos tripulantes, um a um.


Ficha Técnica

Título Original: Triangle
Direção: Christopher Smith
Roteiro: Christopher Smith
Elenco: Melissa George, Michael Dorman, Rachael Carpani, Henry Nixon, Emma Lung, Liam Hemsworth
Ano: 2009
Nacionalidade: Irlanda do Norte, Reino Unido
Gênero: Suspense
Duração: 99 minutos
Classificação Indicativa: 16 anos


Curiosidades

- O filme tem várias referências que se assemelham ao filme "O Iluminado", como por exemplo, o clássico machado, a escrita no espelho, os corredores do navio são também bem parecidos com os do hotel e até mesmo é possível ver o quarto 237.

- O navio se chama Aeolus, nome do deus grego do vento. Ele teve um filho chamado Sísifo que fez uma promessa a morte e não cumpriu, sua punição é eternamente carregar uma pedra até o topo de um monte e vê-la rolar até abaixo.

- O iate em que todos embarcam antes da tempestade se chama Triangle, esse também é o nome do título original do filme.

- Lançado diretamente em vídeo no Brasil.

- A atriz principal do filme, a australiana Melissa George, também já foi campeã nacional de patinação na Austrália.

- Preste atenção nas gaivotas, elas irão aparecer em momentos cruciais da trama e possuem importante significado simbólico.

- (Alerta de Spoiler) Uma teoria diz que o taxista que aparece no final do filme é a própria Morte devido ao dia escurecer quando ele aparece em cena e por dizer que ela nada pode fazer pelo filho morto. Então ela promete para o taxista que vai voltar para o táxi, mas não cumpre a promessa e vai novamente até o iate, se assemelhando com a mitologia grega de Sísifo, que enganou a Morte e foi condenado a vagar eternamente repetindo o mesmo ato: carregar uma pedra até o topo do monte e vê-la rolar até abaixo. Essa mesma teoria diz que todo o filme é um purgatório e algumas cenas desse purgatório são semelhantes à vida real dela, como no acidente, onde ela e o filho morreram. O garoto era muito maltratado por ela. Depois da morte, foi mostrada a ela na forma de punição repetitiva, o quanto foi uma péssima mãe com seu filho autista. A alma culpada de Jess não pode descansar em paz até que ela aceite seu erro e siga para a luz. Assim como na lenda de Sísifo citada no filme.

(Alerta de Spoiler) O diretor afirmou que se inspirou no poema inglês The Rime of the Ancient Mariner (O Conto do Velho Marinheiro) para fazer o filme.



Crítica

Indecifrável como o próprio Triângulo das Bermudas

Quando começou o filme Triângulo do Medo tudo parecia tão "já vi isso antes", tudo parecia muito cansativo, a primeira coisa que veio em minha mente foi: "pronto, vai começar o clichê", o roteiro parecia que iria naufragar a qualquer momento: grupo enfrenta tempestade no mar enquanto uma das tripulantes sonha que está desmaiada na praia (seria um filme de naufrágio?), então encontram um navio abandonado que abre para eles entrarem e onde aparecem vultos e barulhos misteriosos (seria um filme de navio fantasma?), então momentos depois passam a ser perseguido por um estranho ser mascarado (seria um filme de serial killer?).

Então fiquei esperando o filme entrar em desses padrões para o roteiro naufragar nos clichês que estamos acostumados a encontrar nessas produções e para a minha surpresa esse momento não chegava nunca, todo instante o filme trocava de padrão(o que provavelmente vai desagradar várias pessoas acostumada com o cinema rotineiro hollywoodiano), somente quando já estamos "presos" no filme ele revela quais os rumos que escolheu tomar e posso dizer com toda certeza que é diferente de tudo que já tinha visto antes.

Brincando com as lendas populares sobre o Triângulo das Bermudas (região situada entre Miami, Ilha das Bermudas e Porto Rico), Christopher Smith nos presenteia com um suspense de prender na cadeira até os últimos segundos do filme e onde reviravoltas acontecem a cada piscar de olhos pegando todos de surpresa e mudando todo o padrão que todos inconscientemente esperam encontrar em filmes de suspense, um filme ousado justamente por quebrar o padrão pipoca do cinema de Hollywood, lembrando que essa é uma produção britânica independente e é por isso mesmo que o ponto negativo vai para os efeitos especiais, por ser uma produção de baixo orçamento eles não conseguem convencer, por exemplo, na cena em que o navio abandonado aparece é totalmente perceptível que o mesmo é feito por computação gráfica.

O diretor também merece destaque pelo ótimo jogo de câmera que é feito, aquela cena em que eles entram no navio abandonado é de arrepiar, a sensação de claustrofobia e de perigo iminente lembra grandes clássicos do terror como O Iluminado, a trilha sonora também está muito boa e aprofunda bastante o suspense do filme. Destaque também para a boa atuação da atriz australiana Melissa George, que praticamente carrega o filme inteiro nas costas, infelizmente o resto do elenco está apenas regular e atuando completamente no automático. Mesmo assim o filme não afunda graças ao ótimo roteiro que se renova a cada momento entrando em um bem construído terror psicológico.

Esse é um daqueles filmes para quem gosta de fugir do óbvio e caçar detalhes que passam despercebidos pela maioria das pessoas, sem dúvida para se assistir várias e várias vezes  e cada vez que assistir descobrir novas e infinitas possibilidades e múltiplos finais diferentes, um verdadeiro clássico totalmente indecifrável, assim como a própria lenda do Triângulo das Bermudas.

Cotação: **** (ótimo)


Trailer


Bônus

Ouça "Lullaby", uma das músicas que fazem parte da trilha do filme:

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