Os Clóvis (ou Bate-Bolas) - O terror do Carnaval

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Os Clóvis (ou Bate-Bolas) - O terror do Carnaval


Se o carnaval é a festa da alegria para a maioria das pessoas, as crianças podem achá-lo uma época assustadora...
Os bate-bolas (também conhecidos como Clóvis) começaram a surgir nos subúrbios do Rio de Janeiro e hoje já atacam o Brasil inteiro. Alguns dizem que os bate-bolas são uma espécie de arlequins, colombinas, dominós ou pierrôs medievais já que esses que também usavam as bexigas de porco.

Sempre escondidos a espreita e prontos para assustar quem passar por eles distraídos, os “Clóvis” são pessoas com uma fantasia sempre muito colorida que consiste em macacões compridos de caveira, morcego e palhaço entre outros e máscaras de rede com cabelos coloridos que dificulta a identificação do rosto mostrando apenas um desenho assustador, o diferencial é que no lugar da boca tem uma chupeta ou um apito. O mais importante, porém é a bexiga de boi que eles têm sempre em mãos. Essa bexiga quando batida no chão faz um barulho bem alto que assusta até os mais preparados. As bexigas hoje em dia foram substituídas por bolas de plástico que não tem o efeito sonoro desejado.

Eles normalmente andam em grupos e às vezes podemos ouvi-los cantar músicas direcionadas sempre a uma pessoa. Como em muitas vezes o grupo tem crianças, fica parecendo que são anões o que deixa a aparência do bate-bola ainda mais assustadora. Outra característica importante é que os “Clóvis” nunca se falam, eles se comunicam sempre por mímica ou pelo som do apito.
As formas de assustar são diversas: bater as bolas nos portões fazendo esporro, apitar no ouvido das pessoas ou jogar a bola em cima de alguém.

Há os que levam a fantasia na brincadeira e os que levam mais a sério fazendo até um 'ritual' como pedido de passagem se um grupo encontrasse com outro, porém se essa não fosse concedida, começava uma briga com as bexigas sendo usadas como 'armas'.

Assim como as escolas de samba, os bate-bolas também trabalham com um enredo, que muda todos os anos e é revelado apenas no sábado de Carnaval -- no caso da Turma da Praça, o tema escolhido para 2016 foi as Katrinas mexicanas, mas já houve anos que os temas foram o Circo, Os Sete Pecados Capitais, o Haloween, entre outros.


Tradição Carnavalesca

A tradição desses grupos no Rio é tanta que motivou a prefeitura a decretá-los, em 2010, patrimônio cultural carioca. Tudo indica que o nome bate-bola remonta à Idade Média, quando crianças europeias pobres usavam bexigas de boi como bolas, aproveitando os restos de animais que sobravam da comilança anterior à Quaresma.

— Os clóvis são o resultado da mistura de várias festas populares. Há influência dos palhaços da Folia de Reis, dos bailes de máscaras franceses, do entrudo português (brincadeira de rua em que água suja era jogada nas pessoas) — diz a historiadora Aline Gualda, doutoranda da UERJ que há sete anos estuda as fantasias de bate-bola.


Causo de arrepiar

O causo abaixo foi relatado pela professora de História, Cristina Pereira, e ela autorizou-me a contá-lo na Internet. Na Itália do século dezessete, numa cidade chamada Veneza, existia um carnaval onde as pessoas saíam com máscaras brancas e graciosas pelas ruas acompanhadas com suas fantasias. Naquela época só eram permitidas máscaras claras, porque às escuras eram consideradas como disfarces do demônio. Numa destas festas de Veneza, três adolescentes amigos resolveram sair mascarados: Luigi, Giovani e Pedro. Eles estavam tão empolgados com a festa que beberam demais e acabaram saindo da cidade em direção a um caminho repleto de sítios e fazendas. 

No meio daquela estrada, Giovani avistou algo estranho num chiqueiro de porcos e disse: - Olhem, lá: - Parece que existe um velhinho caído no meio dos porcos! Os rapazes aproximaram-se do lugar e viram um idoso fantasiado de palhaço, sem máscara e sem maquiagem, caído no local. Então Luigi falou: - Este ancião está tão bêbado que perdeu a máscara e enfiou-se no chiqueiro! - Vamos dar um susto nele?! Assim os jovens sufocaram o pobre velhinho contra a lama. De repente, Pedro exclamou: - É melhor pararmos com isto! - Pois acho que este homem morreu porque o pulso dele não dá mais sinal! - Vamos embora daqui! Após estas palavras os adolescentes saíram correndo e voltaram ao carnaval de rua. No meio da festa Luigi comentou, para os amigos, apontando para uma pessoa: - Olhem aquele homem perto do carro alegórico cor-de-rosa! - Ele parece com o idoso que estava caído no chiqueiro. Só que agora ele veste uma máscara vermelha de diabo e carrega nas mãos uma bola feita de bexiga de porco. Desta maneira o sujeito misterioso aproximou-se dos garotos e disse: - I am clown... - I am a Hell’s clown! Giovani pediu ao colega: - Pedro, você que é inteligente, por favor traduza o que este homem está falando! O companheiro respondeu: - Eu creio que ele falou em Língua Inglesa. Mas, o problema é que não sei nenhuma palavra em Inglês. - Acho que este ser falou que o nome dele é Clóvis! Naquele mesmo segundo o palhaço misterioso jogou sua bexiga suína em direção a estes rapazes. Assim surgiu uma nuvem de fumaça branca e eles desapareceram. A multidão pensando que a mágica fazia parte do espetáculo aplaudiu o número. 

A partir daquele dia, este ser misterioso, com sua máscara demoníaca acompanhada da sua bola de porco, passou a aparecer nas festas de rua do Carnaval de Veneza. Pouco a pouco as pessoas começaram a admirar o seu traje e por isto algumas passaram a se vestir igual a esta criatura nos bailes carnavalescos. Deste jeito esta fantasia passou a ser chamada de Clóvis, pois foi derivada da palavra clown, que significa palhaço em Inglês. A tradição carnavalesca deste traje foi trazida, no século dezenove, pelos europeus ao Rio de Janeiro e dura até os dias atuais. As pessoas usam o traje de Clóvis pelas ruas com o objetivo de representar a alma do palhaço assassinado que, até hoje, procura pelos seus algozes na época carnavalesca.

Fontes: Medo B, Terrormática e UOL

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