Por dentro do Circo dos Horrores

sexta-feira, 27 de março de 2015

Por dentro do Circo dos Horrores



Neste dia 27 de março é celebrado o Dia do Circo, o que te lembra essa data? malabaristas, palhaços, animais?

As atrações dos circos não foram sempre animais treinados, malabaristas e palhaços. No fim do século 19 e início do século 20, anomalias humanas foram destaques nos shows, que ficaram conhecidos como “Circo de Horrores” (em inglês: “freak shows”). Esses circos eram muito populares nos EUA, com elencos que incluíam anões, albinos e qualquer tipo de pessoa que fosse deformada por doenças.

O norte-americano Phineas Barnum é considerado o pioneiro do ramo. Ele começou fazendo caravanas de animais adestrados e apresentações falsas e, em 1881, fundou seu circo com James Bailey e L. James Hutchinson, chamado Barnum & Bailey’s.

O Barnum & Bailey’s era uma espécie de Cirque du Soleil do século 19, com uma diferença importante: no lugar de animais, curiosidades humanas eram apresentadas. Pessoas pagavam para sentar-se sob a lona e ver, ao vivo e em cores, aquelas que eram consideradas “aberrações da natureza”. O circo tornou-se o maior do mundo.

Phineas Barnum é considerado o pioneiro do ramo

Essas pessoas com deformidades eram abandonadas ao nascer devido a suas condições. Por isso, as apresentações nos circos acabavam sendo sua única fonte de renda e de sobrevivência. Como ainda não havia o conceito de direitos humanos, os espetáculos mostravam cenas horrendas que, de tão curiosas, chamavam a atenção.

O declínio da exibição do circo começou com o avanço da medicina e também com as mudanças na cultura popular e do entretenimento. As anomalias foram explicadas como doenças ou mutações genéticas e, então, a sociedade começou a ver essas pessoas como iguais, e não bichos. Além disso, foi proibida a exibição dessas pessoas em shows que tivessem fins lucrativos.

Dentre os mil artistas que fizeram parte do elenco (um número incrível para os padrões daquele século), estavam entre os mais famosos a mulher barbada e o menor homem do mundo. Relembre algumas das mais célebres atrações:


O Homem Cachorro

Você sabe o nome da doença que provoca crescimento excessivo de pelos no rosto? Hoje a conhecemos: é chamada hipertricose. Extremamente rara nos dias atuais, imagine naquela época! Fiodor Jeftichew, ao lado, era trilíngue, mas foi apresentado ao público como uma besta. Latia para assustar a plateia, enquanto Barnum narrava a história de como Fiodor havia sido capturado por um caçador que seguiu sua família de homens-cães até uma caverna.


A Família Lucasie

Sim. Albinos já foram considerados aberrações humanas. Estranho imaginar, né? Hoje em dia, existem até páginas no Facebook venerando a beleza dos albinos, mas, naquela época, eles eram vistos como pessoas extremamente bizarras. Os Lucasie nasceram na Holanda, mas no script do show de horrores, eram apresentados como sendo de Madagascar. Além disso, também era dito que tinham “olhos quadrados” e que dormiam de olhos abertos.


O Homem Coruja

Talvez esta seja a mais curiosa “bizarrice”, mesmo para os padrões atuais. Martin Laurello alegou ter treinado por três anos até conseguir o feito de girar sua cabeça 180º – e o cara realmente conseguia! Andar nessa posição, no entanto, era difícil, pois lhe faltava ar. A foto ao lado foi feita pela revista Life em 1940.


A Mulher Barbada

Essa talvez seja a mais famosa da lista. Annie Jones Elliot já possuía uma barba aparente desde os nove meses de idade. Barnum levou-a em turnê após a condição imposta pelos pais de que a mãe a acompanhasse. Após sair do Barnum & Bailey’s, Annie realizou uma turnê pela Europa onde se apresentou inclusive ao Czar russo e outras famílias reais. Quando retornou ao circo de Barnum, passou a ganhar US$ 500 (mais que o próprio presidente dos EUA).


As Irmãs Siamesas

Daisy e Violet foram as mais bem-sucedidas irmãs siamesas do freak show. Unidas no quadril e nas nádegas, compartilhavam apenas a circulação sanguínea. Eram gêmeas pygopagus: idênticas que se fundiram pela pélvis no útero. Adotadas aos dois meses pela patroa da mãe, foram logo levadas ao Circo de Horrores e cresceram apresentando-se. Violet e Daisy participaram de alguns filmes e lutaram a vida inteira contra o preconceito devido à sua “anormalidade”. Seus corpos foram encontrados em 1969; padeceram da Gripe de Hong Kong, que matou um milhão de pessoas na época. Daisy morreu primeiro e Violet, 3 dias depois.


O Garoto Lagosta

Grady Franklin Stiles Jr. não possuía os dedos centrais das mãos e dos pés, e por isso estes se assemelhavam a garras de lagosta. O nome da deformidade é ectrodactilia e Grady foi o sexto de sua família a apresentá-la, evidenciando seu caráter hereditário. Apesar da deformidade, Grady teve uma vida normal: casou-se duas vezes e gerou quatro filhos, sendo que dois nasceram com ectrodactilia. Mas era alcoólatra e abusivo. Foi condenado a 15 anos de regime aberto (a cadeia não o aceitou já que não estava preparada para receber alguém em suas condições) após atirar na cabeça do namorado da filha, pois havia reprovado o casamento destes e a filha o enfrentou. Foi morto por um funcionário de um circo onde trabalhava sob as ordens de sua segunda esposa.


O Jogador de Futebol de 3 Pernas

Francesco A. “Frank” Lentini nasceu com 3 pernas e 2 órgãos sexuais na ilha de Sicília, Itália. Seus pais o rejeitaram acreditando que era uma obra do tinhoso. Nos dias atuais, sabe-se que Frank possuía a condição conhecida como gêmeo parasita. Ou seja, o feto de seu irmão gêmeo alojou-se na coluna, por isso tentar removê-lo poderia paralisar o garoto. Aprendeu a andar, patinar no gelo e pular corda. Aos oito anos, entrou para o show business. Sua terceira perna era usada para chutar uma bola, daí o nome artístico que recebeu.


A Mulher Mais Feia do Mundo

Mary Ann Webster começou a apresentar acromegalia, um gigantismo progressivo que provoca distorção óssea facial, logo após o casamento. Além disso, também sofria de dores de cabeça, dores musculares e notou a perda da acuidade visual. Apesar de tudo, teve quatro filhos e permaneceu com o marido até sua própria morte.


O Homem Elefante

Por muito tempo, acreditou-se que Joseph Merrick possuía elefantíase. O crescimento anormal de seus ossos teve início aos cinco anos de idade, quando começou a apresentar-se no Barnum & Bailey’s. Sua doença não o permitia dormir deitado, apenas sentado, pois poderia morrer sufocado – e foi o que aconteceu quando Merrick tinha 27 anos. O que ele possuía era Síndrome de Proteus, condição extremamente rara que provoca crescimento exagerado de tumores subcutâneos pelo corpo.


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