Lendas de Bauru- SP

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Lendas de Bauru- SP


Alguém contou para o fulano, que pediu segredo ao beltrano, que não resistiu e repassou a informação ao sicrano. Some a essa espécie de “telefone sem fio” o fértil imaginário popular e terá a origem da maioria das lendas urbanas. Ninguém viu ou conhece os personagens dessas histórias, mas que eles existem, ah isso existem! Afinal, como escreveu Mário Quintana: “Tudo o que acontece é natural. Inclusive o sobrenatural...”

Pelo sim, pelo não, as lendas urbanas atravessam gerações permeadas de histórias de assombrações, sumiço de crianças e até de roubo de órgãos humanos. 

Quem nunca ficou com medo após ouvir uma história de um fenômeno sobrenatural? A loira que aparece no banheiro das escolas para deixar os alunos apavorados, a mulher que surge vestida de noiva no meio da estrada e vultos que emergem dos cemitérios? 

Em Bauru, as lendas urbanas se misturam à geografia e à história da cidade para contar casos do folclore local, que envolvem ferrovia, rodovias e escolas. 

Uma delas até virou música, com composição e voz de Maurício Pereira, “A Loira da Caravan”. Confira abaixo:



Lobisomem nos trilhos

Toda noite de lua cheia é a mesma coisa há quase um século. Começou quando ainda não havia energia elétrica na estação. Os ferroviários já sabiam o que fazer quando chegava a lua cheia. Como na maioria das vezes ficava só um trabalhador no local, ele enchia o pátio da estação de cruzes de madeira, feitas com o material retirado de cercas para espantar um lobisomem que teimava em aparecer por lá. Quando os trens passavam, passageiros e tripulantes ficavam apavorados, pois o local parecia mal-assombrado.

Insistente, o lobisomem tentou entrar na casa de um dos ferroviários, no Km 17 da Noroeste, que acordou com o barulho do animal arranhando a porta. Como não tinha arma, ele arremessou um crucifixo na direção do bicho, que tropeçou e caiu em uma hortinha que ficava em frente à casa do trabalhador. 

O lobisomem teria fugido e nunca mais voltado àquela casa, mas ele ficou para sempre na memória daquele ferroviário. Afinal, as pimentas que estava plantadas na horta ficaram doce como mel, em razão do bicho ter tocado nelas.


Sucupira é aqui?

A história aconteceu em 1908. Até cena de novela pode ter inspirado: “O Bem-Amado”, de Dia Gomes. A construção do Cemitério da Saudade em Bauru possui uma história com final trágico e que até hoje não se sabe se é lenda ou realidade. 

Era o início do século passado, quando o empresário do ramo hoteleiro João Henrique Dix doou algumas terras de sua propriedade para o município. A doação foi feita para que pudesse ser construído um cemitério no local. Reza a lenda que o empresário estava ansioso para inaugurar o cemitério e nada de alguém morrer na cidade. No dia 26 de julho de 1908, o cemitério foi aberto sem nenhum enterro. No dia seguinte à solenidade de inauguração, Dix se matou com um tiro no coração.

Muitos acreditam que o empresário teria cometido o suicídio para ser o primeiro a ser enterrado em suas terras. Na obra de Dias Gomes, o prefeito de Sucupira, Odorico Paraguaçu queria inaugurar o cemitério da cidade de qualquer jeito, mas ninguém morria. É quando ele leva um tiro de Zeca Diabo e inaugura aquela que ele considerava a sua grande obra.


Noiva do casarão

A história de uma tragédia ronda o casarão de uma das fazendas do distrito de Tibiriçá. Uma noiva teria tropeçado nas escadarias da mansão no dia do seu casamento e morrido. 

Inconformada pela impossibilidade de viver seu grande amor, o espírito da moça é visto até hoje andando pelas ruas do distrito pedindo para que as pessoas tirem o véu do seu rosto.

Seu espírito também habita a bendita escadaria onde aconteceu a tragédia. O olhar perdido da bela moça enche de compaixão quem já testemunhou sua aparição.


Dizem por aí...

.... que todas as noites o elevador do Palácio das Cerejeiras funciona sozinho, fazendo ecoar pelos corredores vazios o barulho de suas correntes.

Estação ferroviária da cidade atualmente está abandonada


Freira sem destino

Em uma antiga estação de trem da antiga Noroeste do Brasil, próximo ao bairro rural de Val de Palmas, uma freira embarcava com freqüência no trem. O mistério é que, naquela época, todo mundo via a freira comprar a passagem e subir no trem, No entanto, logo após a partida, a religiosa desaparecia, deixando condutores e funcionários apavorados.


Trevo da Eny 

As estradas que cortam Bauru guardam suas lendas e seus mitos. Na rodovia Marechal Rondon, no trevo que dá acesso à rodovia que liga Bauru a Jaú, próximo à Chácara da Eny, um motorista conta que viu uma mulher de mãos dadas com duas crianças tentando, insistentemente, atravessar a estrada.

Assustado, ele freia e encosta para ajudar o trio. Só que não tem ninguém no local. O motorista, que está parado no acostamento, vê outras pessoas buzinarem e darem sinal de alerta, algumas até mudam de pista, sem nenhum motivo aparente, como se estivessem tentando evitar uma colisão contra algo ou alguém.

De volta ao carro, o motorista pega a rodovia com um arrepio na espinha. Em outra viagem, ao passar pelo mesmo local, ele vê a cena se repetir: uma mulher de mãos dadas com duas crianças tenta atravessar a rodovia. Com medo, ele segue sua viagem.


Dizem por aí...

... que toda vez que alguém toca o piano da Escola Estadual Ernesto Monte um forte barulho vindo do teto toma conta do local.


A Loira da Caravan 

Foi voltando pela estrada
de um show em Bauru
era quase meia-noite
e eu cansado pra xuxu
ao meu lado Paulo Freire
violeiro sem igual
testemunha incontestável
dessa história abismal

Numa curva lá da serra
descendo pro rio Tietê
o carro desgovernou
sem que eu soubesse por quê
capotou 5 ou 6 vezes
achei que nós ia morrer
foi bater numa mangueira
eu só vi manga descer...

o Paulinho olhou pra mim
vi que ele estava bem
tocou a sua viola
que soava bem também
Fui andando até a estrada
para procurar ajuda
e uma caravan parou
com uma dona cabeluda
Sua voz era bonita
muito rouca e sensual
logo me envolveu com os braços
perguntou: “Cê tá legal?”

A noite era muito escura
e não dava bem pra ver
mas que ela tava gelada
isso eu pude perceber...
Eu fiquei arrepiado
bem no meio do verão
seus lindos cabelos loiros
não sentiam compaixão
Eu fiz o sinal da cruz
mas aquela cortesã
já estava me arrastando
para a sua caravan

Ainda estava atordoado
pela bruta colisão
inclusive preocupado
se o Paulinho estava bom
Ela me beijou na boca:
“Não preocupa com ele, não,
vamo namorá gostoso
nessa baita escuridão”

Eu achei interessante
ela me beijar sem dó
só que os beijos que ela dava
tinham gosto de jiló
Porém, noite igual aquela
não acontece todo dia
proveitei bem o momento
pra namorar a vadia

A sua pele macia
fez o meu sangue subir
suas pernas me enrolava
feito uma sucuri
Fui beijar o seu pescoço
ela veio me impedir:
“Nunca olhe no meu olho”
ela disse para mim..

Nós já estava no bembom
pitando um bom cigarrinho
o remorso me acordou:
“Xi, eu esqueci do Paulinho!”
O coitado lá no carro
no fundo da ribanceira
e eu aqui me divertindo
já passou uma noite inteira

Sem querer pulei pro lado
qualquer coisa eu enganchei
e o cabelo brilhante
por acaso eu arranquei
“A mulher não tem cabeça!”
e voou pra eternidade
O carro sumiu também
Eu juro que isso é verdade...

Mas que cena horripilante
fui pensando no caminho
vão dizer que eu tô maluco
que é que eu falo pro Paulinho?
E é então que eu vejo ele
tocando seu instrumento
pruma moça que dançava
pulando que nem jumento

Eu gritei: “Nossa Senhora!
sai de mim alma penada!”
Comé que isso é possível
se inda agora lá na estrada
vi ela sair voando
bufando descabelada
com sua caravan de prata
‘tropelando a madrugada...

Foi então que aquela cena
outra vez aconteceu
Uma corda da viola
enroscou o cabelo seu
A loira saiu voando
cabeça não tinha ali
Eu fiquei de boca aberta
Paulinho também, que eu vi

Nós ficamos em silêncio
empurramo o carro pra estrada
Movimento se formando
já raiava a alvorada
Inda sem dizer palavra
fomos voltando pra casa
com o coração por dentro
consumindo feito brasa...

Num posto de gasolina
na cidade de Pardinho
fomo tomar um café
e desperta devagarinho
De repente um sentimento
que sobrou daquela noite
foi se apresentando claro
estralando feito o açoite

Não tem mesmo escapatória
capricho da natureza
ver que o destino do homem
é confrontar com a tristeza
de arrastar essa saudade
densa, turva, escura, espessa
de querer beijar a boca
de uma loira sem cabeça 


Dizem por aí...

... que os espíritos dos vereadores de Bauru que já morreram fazem o alarme da Câmara disparar e que, apesar das tentativas, nenhum eletricista consegue resolver o problema.

Vista de Bauru com a linha de trem em primeiro plano. 


5 comentários:

Anônimo disse...

E verdade a morte de uma menina na fábrica da Tilibra

Anônimo disse...

E sobre não asfaltar a Rua Batista depois da Nações?

Anônimo disse...

Tenho 2 lendas do cemitério da saudade. Como faco pra publicar

Anônimo disse...

Alguém lembra da casa próxima da Delegacia regional, que conta a lenda, tinha uma das paredes de um quarto, manchada de sangue, que sempre era pintada, mas as manchas sempre voltavam?

Anônimo disse...

A tal lenda do cacareco meu pai vonta ate hj